A Poesia está na Escola ... e por toda a parte" - Itinerários Poéticos



Itinerários poéticos, porquê? Na verdade só a poesia tem a genialidade e magia de calcorrear rumos feitos de emoções, de encanto, de geografias, de retratos psicológicos, de casamentos mirabolantes, de comboios, no espaço e no tempo históricos, misturando entre si todos estes percursos.
Foi precisamente isso que aconteceu na Biblioteca da Escola Básica 2,3 Dr. Francisco Cabrita, aos doze dias do mês de Março último, em duas sessões de encanto e maravilhoso com cento e quinze aprendizes de marinharia poética. A viagem correu e deu a conhecer poetas de vários quadrantes, com uma identidade multicultural, que somente a poesia é capaz de misturar numa simbiose de imaginação e de beleza.
Para materializar esta viagem fantástica, a vontade de partilha e a curiosidade de todos os presentes deixaram-se embalar pela imaginação e força verbal expressiva de Afonso Dias, o capitão da nossa fantástica Caravela que sulcou os mares de uma poesia global, desbravando ignotas exclamações e expressões de espanto de crianças, adolescentes, professores e a nossa colaboradaora nestes encontros, a Exmª Sr.ª D. Teresa Nésler, sempre presente.



Na verdade, a magia do momento fez-se com a palavra que deu voz à poesia para juntar no infinito duas linhas paralelas, destruindo os cânones da própria geometria. Como dizia José Fanha: “Duas linhas paralelas/muito paralelamente/ iam passando entre estrelas/ fazendo o que estava escrito:/ caminhando eternamente/ de infinito a infinito”.
A viagem continuou confiante e levou-nos a um “porto seguro”, do outro lado do mar-oceano, ao som de uma balada, tal como Pêro Vaz de Caminha encantou outras culturas e se deixou fascinar pelo exotismo de novas cores e gentes. Aí, a poesia apinhou-se no Trem de ferro feito com o sotaque nordestino de Manuel Bandeira que “agora sim/ café com pão/café com pão/ voa, fumaça, … vou m’imbora vou m’imbora, menina bonita/do vestido verde/me dá tua boca/para matá minha sede”, mas a sede dos aprendizes desta marinharia poética continuou até que o nosso capitão, depois de evocar pretéritos mas presentes heróis dos mares que enfrentaram com tenacidade e a vontade de D. João II, ventos a chiar e a fúria do Mostrengo, decidiu fundir o



dedilhar da viola com o perfume e a musicalidade de uma bailarina, de Cecília Meireles que “Quer ser bailarina, mas depois esquece todas as danças, e também quer dormir como as outras crianças”.
E foi, então, que a poesia magistralmente adormeceu no silêncio da satisfação de quem fez presença nestes itinerários de poesia multicolor e de variados sabores.

Albufeira, 17 de Março de 2009

Texto de Joaquim Veiga (Coordenador da Biblioteca)