27 de Outubro - Dia da Biblioteca Escolar
Sessão de Leitura de Textos e Poemas
No âmbito do Dia da Biblioteca Escolar, a nossa biblioteca acaba de dinamizar uma sessão de leitura de textos e de poemas.
Nesta actividade, estiveram presente duas turmas do 5.º ano de escolaridade, num total de quarenta e três alunos, e três professores, além da Exm.ª Senhora D. Teresa Nesler, que se ofereceu para integrar a nossa Bolsa de Leitores e Dinamizadores desta modalidade de eventos e do Clube de Leitura, que são testemunho da dinamização deste espaço, apetrechado de inúmeros recursos para fomentar o gosto pela leitura e pelo livro.
Todos os presentes leram textos e poemas de sua autoria e, no final da sessão, todos manifestaram a forma como iniciaram a sua actividade literária, através dos textos e poemas da sua lavra. Exteriorizaram o facto de a escrita ser uma forma de revelar sentimentos e emoções, de modo a desenvolver a comunicação e - simultaneamente - dar aos outros os eus estados de alma e o pulsar da sua própria vida. A escrita é "descarregar o que nos vai cá dentro", como dizia um aluno, e é também uma forma de partilhar com os outros esses sentimentos.
Neste contexto, foi lido um excerto de um livro escrito e já publicado "A Famíla Real" pelos próprios alunos. Neste texto fez-se alusão a uma família rica de apelido Real, cujos membros simbolizavam as diferentes forças da natureza (fogo, gelo, água, ...) que realizaram uma viagem no tempo e foram aportar a um mundo diferente, em 2150.
De seguida outros alunos leram poemas da sua autoria e que constam neste blog, datados de finais de Junho, como se pode constatar.
Para encerrar a sessão, a Senhora D. Teresa Nesler leu um texto da sua autoria, no qual se faz uma retrato de uma experiência de vida, e que passamos a transcrever:
A lengalenga
« Ao aguardar pela primeira vez, pela consulta de especialidade, fui folheando aquelas revistas habituais que se encontram em qualquer consultório que se preze. Neste caso no hospital. Foi então que dei de caras com uma crónica de António Lobo Antunes que a dado momento rezava assim:
"Em criança, quando me davam a sopa, fixava-me no prato à espera da rã que saltava um muro, impressa no fundo. A partir de não sei quantas colheres ia surgindo a pouco e pouco, colorida, feliz, de suspensórios e calções.
- Não quero mais, já se vê a rã e insistiam.
- Só esta
a mentirem-se porque o esta eram várias. Até rapavam a loiça.
- É a última, a sério
e ao deslaçarem o babete da nuca magoavam-me sempre. Sopa de couves, sopa de feijão, sopa de ervilhas, a quantidade de sopas que me obrigaram a empazinar, meu Deus. E bife raspado. E puré. E xarope no fim, de frascos de rótulo peganhento, tanto xarope que cá canta também".
Esta passagem trouxe-me à memória alguns episódios da minha própria infância. Afinal também eu me lembro de usar babete, das mesmas sopas, e bifinhos raspados, e até do peganhento óleo de fígado de bacalhau, recomendado pelo pediatra. Contudo no meu prato, quer por acaso tinha uma cor amarela, não havia espaço para qualquer rã, e nunca foi necessário o uso de quaisquer estratagemas para me convencerem a comer tudo. Porém, o mesmo não se passou com alguns dos meus cinco irmãos. Foi então que me veio à mente uns versinhos que o meu pai recitava em jeito de lengalenga, numa dessas pontuais situações de birra, que por sua vez já teria ouvido de uma sua avó, e que eu nunca mais esqueci.
- Ó Papim papa a papinha
Papa-a ao pé do papá
Se o Papim não papa a papa
O papão papa o Papim
E o Papim já papa a papa
Para que o não pape o papão.»
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1 comentário:
Foi um momento mágico, que espero venha a ter seguimento, num futuro muito próximo. Adorei as crianças, e o à vontade disciplinado com que nos brindaram com as suas palavras.
Do fundo do coração obrigada a todos e um até breve.
Teresa
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